Exercício de criatividade
Eis um exercício que eu achei interessante, e que foi dado por uma professora de Literatura para o pessoal de Letras:
Dada uma lista, a idéia é criar um poema que contenha tal vocabulário; a intenção é tentar restringir o processo criativo, limitando o número de palavras. É claro, há algumas regrinhas:
1. Não é necessário usar todas as palavras do vocabulário;
2. Não é permitido usar uma palavra que não esteja no vocabulário;
3. Cada palavra só pode ser usada o número de vezes especificado entre parênteses; caso não haja parênteses, a palavra poderá ser utilizada uma única vez;
4. A métrica, a rima e o número de versos são livres.
Então, eis a lista:
a (9) | encerra | pena |
alva (2) | enquanto | pintam |
amante | és (4) | poeta |
amar | eu (2) | predileta |
anjo | face | prende |
arcanjos | fios
| qualquer |
arde | fosses | que (2) |
ardente | fria | quem |
assim | gelo | refletindo
|
boca | graça | rosa (3) |
bonita | imita | sabe |
breve | leve | sabes |
brilho | licença | se (2) |
cabelo | lírio (2) | sempre |
clara (8) | mais (3) | sequer |
comigo | mas (5) | seu |
cor (6) | me | sorriso (2) |
dá | mesmo | talvez (2) |
da (8) | meu | tanto |
de (2) | mimosa | te (2) |
delírio (2) | morena (5) | tem |
demente | mulher (2) | teria |
dia | nada (2) | terra |
digo | não (2) | teu (3) |
do (4) | nem (2) | tu |
dos | neve (2) | tua |
é (10) | no | um |
em | nos | vês |
encantos | o(3) | vou |
(dica: pegue papel e caneta e crie o seu poema também, antes de continuar lendo este post... o mais interessante é ver como as pessoas arranjam diferentes maneiras – ou maneiras muito parecidas – para resolver os mesmos problemas que surgem com a restrição do vocabulário...)
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Eis o que comecei a escrever:
Rosa, morena delírio,
Morena fria,
Morena lírio...
Tua boca não prende o teu sorriso;
És anjo breve,
És graça leve...
... mas aí eu parei pra pensar; isso não é nem um pouco criativo! Criar um poema bonitinho é exatamente o que se espera ao passar os olhos pelo vocabulário, não é mesmo? E se, mudando a escolha de palavras, fosse possível subverter o sentido, construindo algo mais engraçado e menos romântico?
Rosa, da face alva,
Do cabelo cor de lírio;
Rosa, mulher do poeta,
Qualquer um sabe que é comigo,
A rosa predileta,
Que teu amante arde em delírio.
Se fosses bonita, teu sorriso talvez teria brilho;
Mas não és...
És demente, és um nada,
És mulher que não tem graça.
É isso aí! Abaixo o Romantismo! José de Alencar sucks!
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