sexta-feira, 19 de março de 2004

Exercício de criatividade
Eis um exercício que eu achei interessante, e que foi dado por uma professora de Literatura para o pessoal de Letras:

Dada uma lista, a idéia é criar um poema que contenha tal vocabulário; a intenção é tentar restringir o processo criativo, limitando o número de palavras. É claro, há algumas regrinhas:

1. Não é necessário usar todas as palavras do vocabulário;
2. Não é permitido usar uma palavra que não esteja no vocabulário;
3. Cada palavra só pode ser usada o número de vezes especificado entre parênteses; caso não haja parênteses, a palavra poderá ser utilizada uma única vez;
4. A métrica, a rima e o número de versos são livres.

Então, eis a lista:


a (9)encerrapena
alva (2)enquantopintam
amanteés (4)poeta
amareu (2)predileta
anjofaceprende
arcanjosfios
qualquer
ardefossesque (2)
ardentefriaquem
assimgelorefletindo
bocagraçarosa (3)
bonitaimitasabe
brevelevesabes
brilholicençase (2)
cabelolírio (2)sempre
clara (8)mais (3)sequer
comigomas (5)seu
cor (6)mesorriso (2)
mesmotalvez (2)
da (8)meutanto
de (2)mimosate (2)
delírio (2)morena (5)tem
dementemulher (2)teria
dianada (2)terra
digonão (2)teu (3)
do (4)nem (2)tu
dosneve (2)tua
é (10)noum
emnosvês
encantoso(3)vou


(dica: pegue papel e caneta e crie o seu poema também, antes de continuar lendo este post... o mais interessante é ver como as pessoas arranjam diferentes maneiras – ou maneiras muito parecidas – para resolver os mesmos problemas que surgem com a restrição do vocabulário...)

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Eis o que comecei a escrever:

Rosa, morena delírio,
Morena fria,
Morena lírio...
Tua boca não prende o teu sorriso;
És anjo breve,
És graça leve...


... mas aí eu parei pra pensar; isso não é nem um pouco criativo! Criar um poema bonitinho é exatamente o que se espera ao passar os olhos pelo vocabulário, não é mesmo? E se, mudando a escolha de palavras, fosse possível subverter o sentido, construindo algo mais engraçado e menos romântico?

Rosa, da face alva,
Do cabelo cor de lírio;
Rosa, mulher do poeta,
Qualquer um sabe que é comigo,
A rosa predileta,
Que teu amante arde em delírio.
Se fosses bonita, teu sorriso talvez teria brilho;
Mas não és...
És demente, és um nada,
És mulher que não tem graça.


É isso aí! Abaixo o Romantismo! José de Alencar sucks!

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