quarta-feira, 29 de novembro de 2006

A versão 2.3 da Gigi é uma lerdeza que só!
Tô ficando velha, isso sim! Já tô sentindo as dores nas costas, a idade avançando e o tempo escorrendo... além disso, a minha bebida favorita é chá, e isso é preocupante. ;)

Falantes de português como segunda língua: os melhores comediantes involuntários!
A diz: "...porque no Alentejo é costume fazer sesta todo dia. Das duas às três, das cinco às seis, e depois de novo às nove."
B pergunta: "Todo dia? Mas ninguém trabalha nessa terra, não?"
A responde: "Ah, sim, mas isso é pra quem não trabalha, que nem eu. Quem trabalha só faz aos fins de semana. Aí faz o dia inteiro."
C, falante de português como segunda língua, pergunta com um ar espantado a B: "Qual é mesmo o assunto da conversa...?"
B: "Sesta."
C: "Ahhhh!, eu achei que fosse sexo..."

Agora releia o diálogo, mudando a palavra... ;)

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Dos europeus, do flerte, e do flerte europeu
Excluindo os espanhóis -- que são os mais parecidos com os brasileiros -- os europeus costumam ser meio frios, especialmente com pessoas que não são assim muito íntimas. Todos mantêm aquela distância educada, e os corpos quase nunca se tocam. Bom, talvez só nas ruas de Lisboa, onde todo mundo tem uma mania fenomenal de se deslocar do ponto A ao ponto B esbarrando no maior número possível de transeuntes.

Talvez como conseqüência dessa falta de calor humano, os europeus não sabem xavecar. E isso é muito triste! As meninas aqui são lindas, realmente merecem elogios -- e no entanto ninguém abre a boca pra falar nada. Como disse minha querida amiga glitter, os europeus precisavam de um curso intensivo com os pedreiros brasileiros.

Mas talvez os brasileiros é que estão muito acostumados com os xavecos escancarados, e não percebem as tentativas sutis (ou toscas) de aproximação por essas bandas: uma colega veio brincando me dizer que eu supostamente tinha uma fila de interessados na residência... quando eu, sob um gigantesco ponto de interrogação, perguntei "como assim?", ela disse algo do tipo "Ué, mas você não percebeu que quando você pediu um prato emprestado, dois caras correram pra te entregar o prato primeiro?"

Se isso é xaveco, serão looongos 8 meses aqui...

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Em pleno Dia das Bruxas, o dia mais evil do ano, eu estava na Torre do Tombo analisando o microfilme do famoso documento da genela fora doras. O tempo não foi muito gentil com alguns dos Cadernos do Promotor, corroendo e manchando os arquivos da Inquisição sem piedade – talvez com a mesma crueldade do Santo Ofício.

Os anos escorreram como areia fina entre os dedos, mas a querela entre Antónia de Oliveira e Vicência de Faria permaneceu. Em 1645, Antónia enviou uma carta de denúncia à Inquisição de Lisboa, acusando Vicência de bruxaria. As duas se conheciam já há quatro anos, o que me deixa no mínimo intrigada. Quatro anos é o suficente para se formar pelo menos o esqueleto de uma boa amizade, e no entanto lá foi uma comadre mandar prender a outra comadre. Não digo que as duas eram amigas do peito, mas mandar pra fogueira é meio exagerado, não?

Será que o fato de Antónia ter sido dona de casa e mulher de militar, enquanto Vicência era tecedeira e provavelmente desempedida, tem algo a ver com o processo? Ou será que Vicência tinha um caso com Gaspar de Cerqueira – o marido de Antónia – e a fogueira foi o único meio de separar o casal adúltero? Também existe a possibilidade de Antónia ter sido uma pessoa verdadeiramente religiosa, o que a levou a acreditar que Vicência tinha mesmo ligações com o Diabo.

Pessoalmente, acho que o que incomodava a delatora era o fato da outra mulher abrir a janela, nua, em horários não muito civilizados. Convenhamos, a dona Vicência não devia ser aquele espetáculo sem roupa – lembrem-se que no século XVII as mulheres eram bem mais cheinhas, não se banhavam todos os dias e não se depilavam – e ainda por cima gostava de se exibir. Mas que evasão de privacidade!

Pensando bem, se eu tivesse uma vizinha baranga e exibicionista, mandaria mesmo pra fogueira, independentemente dela saber prever o futuro ou não! ;)



PS: Antes que alguém me acuse de ser indelicada ou sem-noção, aviso que a Vicência escapou da fogueira. O processo não deu em nada. :)