quinta-feira, 3 de abril de 2003

Eis um exemplo de espinafrada tosca sobre um texto tosco (as espinafradas estão entre colchetes)






As cáries do apocalipse

[esse título ficou muito tosco... Apocalipses não têm cáries...!]


De tempos em tempos surge algum tipo de pesquisa que pretende descobrir qual a invenção humana sem a qual não conseguiríamos viver. Muitos apontam a televisão, a Internet, a pólvora, o computador, a geladeira, o telefone, etc. Há pouco tempo, chegaram até a indicar a escova de dente como sendo essencial à vida.


Ao para pensar, é difícil escolher, de fato, um único item, uma única criação humana cuja existência seja crucial para garantir nossa própria existência (talvez só a escova de dente mesmo). Certamente toda essa parafernália eletrodoméstica torna nossas vidas mais confortáveis, mas dificilmente pode ser considerada essencial.


A televisão, por exemplo, caso não existisse, teria como feliz conseqüência o fato de não existir programação-lixo, pois simplesmente não haveria programação...! Se a geladeira não existisse, alimentos e bebidas estragariam mais rapidamente, é verdade... Mas também não teríamos problemas com botões de autodescongelamento que não funcionam... Sem um computador, não poderia publicar este texto (cujo rascunho, devo dizer, foi escrito com uma máquina de datilografar), mas ninguém sentiria falta. Sem telefone, tudo o que precisaríamos fazer é voltar a usar selo e envelope. Já a pólvora podia ser extinta mesmo, seria até melhor.


E a escova de dente? Bem... sem ela nós não sorriríamos tanto, com vergonha de mostrar dentes podres, e conversaríamos menos (ou mantendo uma certa “distância educada”) devido ao mau-hálito. Seríamos carrancudos e lacônicos, antipáticos ao extremo, aos poucos trocando toda interação social por total reclusão...


Em pouco tempo, a civilização, cariada e desfalcada, entraria em colapso. Líderes mundiais sucumbiriam ao poder extraordinário da dor, enquanto a população perambularia pelas cidades em agonia, com lenços gigantes amarrados ao redor da cabeça. Não haveria ânimo para continuar qualquer projeto de vida, existindo apenas dor (de dente). Viveríamos, ainda na Terra, o Tártaro (literal ou não).
[Céus! Que exagero! Aposto que o próximo passo será dizer que mesas de biblioteca são uma ameaça à democracia...!]


Ainda bem que inventaram a escova de dente... a raça humana não teria chegado a esse ponto sem ela.


Exagero...? Talvez... Experimente viver alguns dias sem sua escova de dente... Entretanto, não me responsabilizo se, depois de fazer essa escolha, você achar que a mais apocalíptica das desgraças o atingiu em cheio na testa (ou nos dentes)...


 


Nota: A autora é uma exagerada que, desde a publicação deste texto, não desgruda de
sua escova de dente. Sua paranóia chegou a fazer com que ela pareça um esquilo maluco que quer proteger sua noz de tudo e de todos. Atualmente, está
internada em uma clínica psiquiátrica.


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