Minha gêmea maligna e eu
Por algum motivo, nenhum dos meus amigos do Santa me chama de Angela; por algum outro motivo, ninguém da Unicamp me chama de Gigi. Aliás, as poucas vezes em que chamaram por uma quando apenas a outra estava presente foram um tanto quanto estranhas.
A Angela é uma estudante de Lingüística que já está com um pé no mestrado, e a Gigi é uma menina-de-pantufa que vive dizendo "IÊI!" por aí (word on the street é que a Angela pegou a mania da Gigi. Foi aí que começaram a desconfiar que as duas eram a mesma pessoa. Mas isso é intriga da oposição).
A Angela vive estressada com as burocracias da vida acadêmica; a Gigi simplesmente joga tudo pro alto e vai tomar um café-pantufa com as outras meninas-de-pantufas. A Angela tem que preencher formulários complicados que perguntam até a cor das suas meias; a Gigi não (mas, se você está se perguntando, saiba que a Gigi usa meias brancas). A Angela tem que entregar relatório pra FAPESP; a Gigi não. Ultimamente, ser Angela não é um bom negócio.
Em compensação, a coitada da Gigi vive numa cidade entulhada de gente, enquanto a Angela vive numa cidade tranqüila. A Gigi consegue pegar trânsito congestionado até quando vai à padaria; a Angela vai à pé pra faculdade. A Gigi respira um arzinho podre e poluído; a Angela enche os pulmões -- e ainda vê estrelas à noite!
Mas nem tudo são diferenças: as duas têm amigos incrivelmente adoráveis, e adoravelmente incríveis (os amigos da Gigi são levemente mais insanos); as duas têm três pintinhas sobre o lábio superior, que parecem as Três Marias; as duas gostam de procrastinar tudo; e as duas têm uma tara inexplicável por ponto-e-vírgula. De qualquer forma, resta uma dúvida:
Afinal, qual delas é a maligna...?
domingo, 27 de novembro de 2005
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